segunda-feira, 19 de maio de 2008

CAPÍTULO 8 - HÁ SÁBIOS NOS INFERNOS

HÁ SÁBIOS NOS INFERNOS

“De um ou de outro modo, os Cristos e Missionários da VERDADE e da VIRTUDE sempre são crucificados; e o são pelos papas, sacerdotes, escribas e fariseus... Isso prova a falência das maquinações e dos conciliábulos humanos e afirma que os infernos estão cheios deles.”

Retornemos, pois, aos eventos daqueles dias, quando fui aprender a ler e conhecer a história das Revelações sucessivas.
Não havendo milagres nem mistérios na Ordem Divina, está claro que não foi milagrosamente que aprendi a ler, mas a verdade é que nos tornamos muito mais penetrantes, de um muito maior poder assimilativo, estando sem os embargos do corpo denso.
Uma vez querendo aprender, desejando aplicar a mente em determinado sentido, e começando pelas chaves iniciais, podemos avançar muito e em pouco tempo. Acima do formal colocamos o essencial, antes da forma damos valor ao espírito da coisa, por isso mesmo que passamos a sentir a Verdade e a Virtude em todas as coisas, em lugar de acontecer como na encarnação, quando o intelecto funciona marginalmente à essência dos fatos, parecendo mais ficção do que realidade.
Para apelar a um paralelo, vamos dizer que o Cientista fala em Moral e Amor, porém os coloca em plano subjetivo, com isso podendo aplicar a Ciência em sentido criminoso. Jogará com as forças e os elementos externos, mas ficará muito abaixo dos valores íntimos, dos poderes morais que determinam as conseqüências. É menos do que meio sábio, enquanto um ser moralizado e virtuoso, sem saber ler e escrever, pode ser muito mais do que apenas meio sábio.
Por isso já foi dito que há sábios nos infernos e ignorantes no Céu!
O que importa é saber em que resume a Sabedoria, se é em jogar com os elementos externos, aplicando criminosamente as leis e os fatores conhecidos, ou se é respeitando o sentido Moral da vida e da chamada Criação em geral, único modo de viver em sintonia com a Soberana Vontade de Deus, para de fato ser feliz.
Uma das modalidades conceptivas que julgamos bastante comprometedora é a chamada Ciência Pura, pelo fato de redundar quase sempre em pura calamidade, visto como todas as ações partem do espírito e todos os espíritos serem sujeitos a uma Lei de Harmonia Universal. Ninguém jamais será senhor isolado de coisa alguma; e por todos os motivos será sempre responsável pelo uso que fizer das leis e dos efeitos conseqüentes.
Que os materialistas pensem pobre ou miseravelmente, isso é questão que não nos cabe avaliar, porque refletem a falsa educação de que são portadores; certamente a Lei e a Justiça os encararão segundo o grau de ignorância. Mas que espiritualistas venham a fazer tais afirmações, querendo fugir ao sentido Moral da vida e suas aplicações, isto redundará em trevas e ranger dos dentes.
E bem sabemos quem habita os reinos de treva e de luz; porque a Lei e a Justiça não carecem de conselhos humanos, de sabedorias rastejantes. Muito antes de que o pobre terrícola pensasse em Ciência Pura, já era de Total Pureza a Sabedoria Divina!
Lembramos a todos, portanto, que a humanidade terrícola é devedora de encargos morais e virtuosos, muito e muito acima de outros quaisquer. Porque jogar com as realidades externas, as leis e os elementos do mundo material, isso qualquer um poderá vir a fazer, por mais que seja um bruto espiritual; mas o importante, o fundamental, para a grandeza do espírito, reside na Moral e no Amor.
Desde que o mundo terrícola existe, em expressão humana, por milhões se contam os pretensos sábios que enveredaram para as regiões de trevas, renascendo depois, como dementes e atrofiados, para resgatar os males causados; mas o Príncipe da Moral e do Amor, ao passar pelo mundo, encareceu a questão de modo total, fazendo ver que todas as funções devem obediência à Moral e ao Amor.
A parte de Deus, que é Eterna, Perfeita e Imutável, não precisa ser posta em jogo pela presunção humana; mas a obrigação de cada filho de Deus de se realizar em Verdade e em Virtude, essa é intransferível. E quem fará isso, fora da Moral e do Amor?
Não cairemos na leviandade de falar aos espíritas, como se estivéssemos falando a uma gente especial; porque os mesmos espíritas podem reconhecer que, nos dias do Profetismo de portas fechadas, ou antes do advento do Cristo, o Povo de Israel fora fartamente avisado pelos anjos, espíritos ou almas, nem por isso dando as melhores exemplificações. Tanto assim que nem sequer reconheceu o Cristo, a mais falada pessoa de todos quantos foram falados ou anunciados.
Tremendas já são as falhas de muitos irmãos que encarnaram para auxiliar nos modernos trabalhos proféticos; porque em lugar de se entregarem ao cultivo da Verdade e da Virtude, brandindo as armas que são a Moral e o Amor, tudo fazem para salientar rivalidades pessoais, agenciando fanatismos sectários, cometendo leviandades, tramando falsidades e traições. Não importa, conseqüentemente, que se diga alguém espírita ou cristão redivivo; o que importa é que ele de fato o seja, pelo fato de viver nos quadros da Moral, do Amor, da Revelação, da Sabedoria e da Virtude. E para viver essa conduta, terá que ser mais do que lacaio dos interesses de bolso, estômago, sexo, orgulho e egoísmo.
Não existe realidade alguma que, sendo pela Soberana Vontade de Deus, possa temer os confrontos humanos; portanto, a Verdade e a Virtude precisam de irmãos que as vivam diante do mundo, mas não precisam de pseudo-advogados ou defensores. Quem quiser ser um bom servidor da Moral e do Amor, que se moralize e torne-se amoroso primeiro, para depois falar em seu nome. Esta questão é primordial ao espírita, pois do contrário não o será!
Os conceitos humanos evoluirão através do Espaço e do Tempo, pois não existe fenômeno relativo que fora deles tenha execução. Desde que ninguém sujeite os problemas da Verdade e da Virtude aos tristes interesses subalternos, tudo irá bem, porque o homem livre de misérias de ordem Moral é sempre capaz de mudar de opinião, tanto bastando que venha a conhecer mais.
Simples é a centelha espiritual, o homem espiritual, mas complexos são os fatores que o envolverão, até que se tenha cristificado; ele terá que mudar de conceitos milhões de vezes, porque irá descobrindo novas realidades, até o dia em que tenha atingido a Síntese Geral, pelo seu mesmo desabrochamento interno. Muitas vezes pensará ter atingido a Verdade Total, mas logo mais os movimentos se encarregarão de fazê-lo retroceder em suas presunções.
Convém que o santo desconfie de sua santidade e que o sábio ponha em dúvida a sua sabedoria; pelo menos, ao ter que voltar atrás para recomeçar a caminhada, não precisará de se envergonhar. Feliz daquele que age dignamente, porque mesmo sendo habitante de um plano inferior, pelo fato de ser também inferior, nem por isso agirá em função da ignorância pura e do puro interesse subalterno.
Foi, meus irmãos, por algumas dezenas de anos que se prolongara o período de estudos e trabalhos. Subimos um pouco e outros desceram, para chegarmos a um regular grau de conhecimento de causa, sobre os problemas fundamentais que a Moral e o Amor, a Verdade e a Virtude representam. E sabemos que toda e qualquer função, para encarnados e desencarnados, fora dessa Chave Mestra é comprometedora. Essa Chave Mestra é acima de condições sociais, porque todos a ela estão subordinados.
Se é certo que múltiplas são as manifestações da vida, os ramos do conhecimento e as possibilidades de aplicação dos indivíduos, o grande problema é que a parte de Deus não precisa ser posta em dúvida pelos Seus filhos; se procurarem viver a vida com decência de conduta, aplicando a Moral e o Amor, simplesmente atingirão a Verdade e a Virtude. Caso contrário, como tem sido, andarão querendo discernir Deus e o espírito, enquanto contribuem para a manutenção de um mundo de guerras, pestes e fomes, um mundo de misérias e de imoralidades.
Essa foi a conclusão a que se chegou, depois de tantos estudos teóricos e depois de focalizar o problema das almas pelo prisma dos fatos observados. No fundo de todas as condições e situações individuais, sempre vimos os fatores Moral e Amor em jogo; quem agiu de acordo, estava bem e tinha bens a distribuir; enquanto que os desarmonizados tinham trevas para si e para outros. E todos aqueles que se haviam harmonizado com esses fatores, tinham conseguido realizar em si mesmos uma quantia apreciável de Verdade e de Virtude, estando em condições hierárquicas satisfatórias. E como argumento básico, fica dito que ao Grau Crístico não se pode ir por outros meios.
Poderia existir argumento maior do que ver espíritos, dos altos planos da vida aos máximos baixios, cada um recebendo segundo suas aplicações em Moral e Amor, sem embargo das condições sociais? Que significam pobrezas ou riquezas, títulos ou não títulos, religiões ou não religiões, perante a Lei e a Justiça?
Os encarnados e os desencarnados ainda perambulantes em lugares muito inferiores, podem não entender destas realidades supremas, porém um dia terão que as entender. O Reino do Céu interior, que não virá mesmo com mostras exteriores, é uma questão de Moral e de Amor. Tudo o mais que seja, poderá contribuir para a grandeza do espírito, mas apenas como contribuição àquela realização. Se falhar naquela Chave Fundamental, tudo cairá por terra!

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