segunda-feira, 19 de maio de 2008

CAPÍTULO 17 - O AMPARO CELESTIAL

“Estendendo a tua mão a sarar as enfermidades, e a que se façam maravilhas e prodígios em nome do teu Santo Filho Jesus” – Atos, cap. 4.
“Que se leiam os capítulos um, dois, quatro, sete, dez e dezenove, dos Atos, para saber que Jesus nunca prometeu o Consolador para dezenove séculos mais tarde – Ele o deixou pronto a funcionar, do Pentecoste em diante.”
“Que se leiam os capítulos doze, treze e quatorze, da Primeira Epístola aos Coríntios, para saber como os primeiros cristãos cultivavam o Consolador generalizado pelo Cristo – porque o Consolador é de sempre, mas até ali era esotérico, ou de portas fechadas.”

Dias depois daquela inolvidável festividade, fomos atraídos pelas orações de uma irmã encarnada, a quem Bezerra de Menezes receitara remédios e fizera recomendações sobre orações a serem feitas.
Doente ela era, e doença que surgia do seu corpo astral, por força de culpas antanho adquiridas; mas o pior nela era uma tremenda atuação de um irmão enegrecido, a ela tão ligado que chegava já a estar penetrado em seu corpo astral.
Ela vibrou intensamente, por estar diante de duas filhinhas, pensando que se as coisas não melhorassem, talvez não pudesse chegar a vê-las crescidas. Sua oração atingira o posto devido, em nosso reino, tendo havido ordem de pronto socorro.
Chegando o grupo ao local, o seu dormitório, vimos a mãe lidando com as suas filhinhas, estando bastante arcada, aflita e lagrimosa. Todavia, paupérrima que era, cuidava de tudo, embora em estado cambaleante. E nós, embora sabendo que a Lei de Equilíbrio não erra, embora reconhecendo que em tudo aquilo devia estar e estava a Justiça Divina, tomamos parte em suas lágrimas.
Tancredo colocou a sua mão direita sobre a cabeça da jovem e enferma irmã, rogando poderes ao Senhor, para conseguir afastar o embrutecido irmão que a feria tão profundamente. E como todos nos lembrávamos da Presença do Cristo, por causa daquela maravilhosa festividade, fizemos um pensamento conjunto, depois de combinar.
Aquela oração movimentou forças e elementos superiores, tendo chegado a nós, e muito rapidamente, irmãos do círculo de Bezerra de Menezes, que fora a reencarnação de Lucas, o Apóstolo médico ou terapeuta, da Ordem Essênia ou do Profetismo Hebreu.
Com a chegada de elementos assim superiores, ficamos ao dispor do que julgassem conveniente fazer, depois de estudar o caso. E aquele que deles era o chefe ou o mais autorizado, colocando a mão sobre a jovem e doente irmã, procurou ver nos seus registros íntimos, os motivos de tudo aquilo.
A seguir, falou-nos de um padre muito rigoroso em favor do Santo Ofício, que depois de penar dezenas de anos na subcrosta, foi recolhido e instruído, sendo logo mais preparado para a imediata reencarnação, estando ali, na condição daquela pobre irmã, mergulhada em muita penúria, além de sofrer o tremendo impacto daquele irmão enegrecido, mais parecendo uma grande larva negra, que a envolvia, de preferência tomando-lhe toda a região do estômago, pâncreas e baço.
Depois, fazendo o mesmo com as filhinhas, contou-nos de dois companheiros de maldades, fortemente vinculados a ela. E aproveitando a oportunidade, disse-nos da Justiça Divina, que confere oportunidades para que os filhos do Pai Único tenham com que ressarcir as faltas, para prosseguirem após na jornada libertadora.
Coincidiu de ela ter que tomar o seu remédio, juntamente com a água fluidificada, do que se valeu o chefe deles, para levantar a mão direita ao Alto, rogando por ela. Formou-se uma luz sobre a mão, luz que foi se condensando, até que se revelou uma bola azulina, que também foi diminuindo, comprimindo, até ficar como um comprimido de remédio, desses que as vossas farmácias vendem, com a diferença de manter uma azulina luminosidade.
Ele colocou o comprimido luminoso dentro do litro de água fluidificada, tendo este se derretido, transformando a água num farol de grande potência. E quando a irmã terminou a oração que fizera antes de tomar o remédio e foi colocar o mesmo dentro do copo que enchera de água, de tal forma sintonizou com o ambiente espiritual ali criado, que caiu num pranto feliz, convidando a mais velhinha das meninas à oração, dizendo que Deus estava mandando-lhes o Seu auxílio.
Absorveu o líquido com o remédio, e nós vimos que a luminosidade a tomara toda, pondo o enegrecido irmão em convulsões e gemidos. Foi então que o chefe do grupo convocou alguém, erguendo a mão direita em direção ao Alto, tendo muito logo chegado dois vigorosos pretos velhos, felizes e bondosos, aos quais o chefe disse que retirassem o tal enegrecido irmão.
Os dois servidores projetaram as mãos na direção do mesmo, enquanto endereçavam a ele vigorosos olhares; e a larva enorme, caindo no chão, ficou como morta, sem nenhum movimento. Estava hipnotizada.
Não sei de onde vieram dois outros pretos velhos, e duas belas moças pretas, irradiando bem e revelando muita felicidade. Os homens traziam varas feitas de madeira e as moças uns potes brancos, cheios de alguma coisa.
Sem falar, enfiaram as varas debaixo da larva adormecida e a levaram para o quintal da casa. E como o chefe nos convidou, fomos todos parar no quintal, onde os servidores colocaram o mostrengo. Ato contínuo, as moças jorraram o pó que estava dentro dos potes sobre a larva, retirando-se de perto. E ficaram olhando, esperando acontecer alguma coisa, sendo esta coisa uma chama verdeada, que foi aumentando, até atingir certa altura. O resultado foi o seguinte – uma vez queimado o corpo exterior, a larva, tudo se reduziu a um homem, um padre ainda jovem, que entretanto ainda gemia e esbravejava, perguntando onde estaria Deus, que não o ouvia.
O chefe a ele se endereçou, colocou-lhe a mão direita sobre a cabeça, fê-lo dormir e mandou que o levassem embora; e o lugar para onde o levaram foi o local de trabalhos espíritas do doutor Bezerra de Menezes. Disse o chefe que o padre seria doutrinado num dos seus trabalhos mediúnicos costumeiros.
Quando entramos de novo casa adentro, a jovem mãe cuidava de suas obrigações. E o chefe disse a Tancredo:
— Esta irmã precisa de um aviso nosso; deve saber que a sua cura depende mais do espírito; e você fará isso, assim que ela vá aos trabalhos do nosso companheiro encarnado, doutor Bezerra de Menezes.
Tancredo prometeu, e dias depois cumpriu, falando a ela como devia falar, para ela proceder como devia proceder. Mais tarde, como sabemos, aquela irmã teve suas faculdades desenvolvidas, tornando-se ótima servidora; isto é, fazendo muito pelos outros, para bem-fazer a si mesma, ressarcindo faltas e acumulando bens para si mesma, com vistas ao porvir.
Antes de sairmos daquela casa, naquela primeira visita, tivemos uma prosa edificante com o chefe daquele grupo; ao findar a conversa proveitosa, apontando para a irmã enferma ainda e cheia de trabalhos, disse ele, com muita reverência:
— Agradeçamos ao Pai a oportunidade de servir... Porque embora pareça que tenhamos servido, a verdade é que fomos nós os beneficiados... Todos temos de transformar os nossos respectivos corpos astrais em Luz Divina, o chamado Segundo Estado de Deus, que nos garantirá a penetração na Divina Ubiqüidade. E sem trabalhar, sem servir, sem amar através de obras, como poderíamos conseguir isso?
Depois da oração de graças ao trabalho amoroso, partimos.
Já em nosso reino, fomos parar à beira de um leito, onde uma irmã gemia e dizia coisas sem nexo; ela estava chegando de uma das casas de recolhimento, vindo das trevas, depois de muitos anos de terríveis sofrimentos.
Um dos enfermeiros, antigo habitante das trevas, mas agora dedicado servidor, comentou, como de costume, com a sua pontinha de ironia:
— Se quiserem, logo mais, umas aulas de mandinga, falem com ela!...
Sucede, porém, que a conversa parou ali, porque um dos médicos vinha acompanhado de um auxiliar do diretor dos hospitais da região, e de mais cinco irmãos, bastante diferentes dos nossos conhecidos da região. Eles vestiam roupagens como hindus, tinham olhares duros e personalidade esquisita. Diria criaturas acentuadamente místicas, porém ainda pouco evoluídas ou algum tanto comprometidas.
O auxiliar olhou bem para a irmã, conversou depois com os cinco hindus, dizendo que ela havia sido boa conhecedora do revelacionismo, sendo dotada de faculdades interessantes, que entretanto foram usadas para comercialismos e vinganças, sem todavia ter deixado de fazer algumas boas obras.
O mais categorizado dos hindus aproximou-se dela, descobriu-a e fitou-a com acurada atenção. Estando ela desnuda, observamos que estava cheia de manchas redondas como patacas, de coloração marrom e de aspecto ulceroso.
O hindu cobriu-a de novo e, voltando-se para o auxiliar do diretor, disse com segurança:
— Essas manchas são ligações eletromagnéticas que a prendem a fatos criminosos, a locais e a elementos que se encontram nos tristes locais.
O auxiliar do diretor explicou:
— O médico que a tratou ficou embaraçado, porque as reações apareciam e de novo sumiam, como por encanto; isto é, a cura vinha com lentidão, para logo voltar atrás, de modo desesperador para ela.
O hindu falou-lhe, aconselhando:
— Estes casos, que nós cinco conhecemos bem, podem ser resolvidos até certo ponto; depois, por longos anos, séculos muitas vezes, o espírito fica obrigado a grandes empenhos, em serviços do mesmo ramo, porém na razão inversa, para conseguir uma reencarnação proveitosa. Como é sabido, desde os mais remotos tempos, a feitiçaria reina pelo mundo carnal, com tremendas ligações aos planos astrais inferiores. A luta é titânica, as legiões se digladiam terrivelmente e não pode deixar de ser tudo isso considerado, no círculo da vida planetária e no quadro da evolução das almas.
O auxiliar do diretor inquiriu:
— Que julga o irmão, devemos fazer com ela? Acha que deve ficar por aqui, até melhorar, ou pretende que vá para um departamento próprio?
A resposta foi prontamente dada:
— Eu gostaria de tratá-la aqui, se me permitirem o favor, porque isso traria vantagens experimentais a alguns dos presentes. A seguir, quando estiver melhor, levá-la-ei para o meu departamento, porque ali ela terá muito em que aplicar os seus muitíssimos conhecimentos sobre a matéria. Se é real que usou mal de suas faculdades e de seus poderes sobre muitos elementos, também é real que dispõe de fartos recursos técnicos, isso de que carecemos, para combater a feitiçaria.
O auxiliar do diretor fê-lo saber que isso implicaria em sondar outros dirigentes, razão por que lhe daria a devida resposta horas depois. E com isso nós ficamos contentes, porque iríamos pedir no mesmo sentido, para vermos como o hindu iria lidar com ela.
Aquilo combinado, o hindu pediu uma concentração mental sobre a irmã, que parecia sonambulizada. Os cinco estenderam as mãos horizontalmente, olharam fixos para ela e começaram a falar em seu idioma. Ela foi levitando, subindo, até ficar um metro acima do leito, quando começou a girar como se fosse um disco, atingindo velocidade tremenda.
Eles foram ordenando, e ela foi parando de girar, até que parou de tudo, quando começou a descer. Uma vez direitinha no leito, o hindu chefe colocou-lhe as duas mãos a uns cinco centímetros da testa, com os dedos na direção dos olhos, tornando a olhar fixo para ela. Foi ela abrindo os olhos, até ficar de olhos bem abertos. E o hindu falou-lhe, tendo ela respondido, porém muito baixinho e como que bastante perturbada.
De novo o hindu mandou-a fechar os olhos, e tornando a fazê-la dormir, falou aos presentes:
— Peço a todos muitas vibrações a seu favor... É muito devedora, sem dúvida, mas está recolhida e é uma filha de Deus. Vamos auxiliá-la, assim como gostaríamos de ser auxiliados, se estivéssemos no seu lugar. E por agora que durma, para não ficar em sofrimentos e não dar muito trabalho; o dormir, para ela, representa parte integrante do processo da cura.
E como tudo fora combinado, ali mesmo ela foi sendo tratada, até o dia em que se despediu, para ir ao encontro do seu trabalho, junto aos que entendessem de quebrantar males feitos. Pelo pouco tempo que ficou conosco, deixou muitas saudades, e muita curiosidade em torno de seus dotes, pois ela era capaz de dizer coisas altamente sérias, pela sua clarividência, pela facilidade com que invadia os recônditos do histórico alheio. Com ela foram feitas muitas experiências, tendo os nossos chefes e os médicos ficado encantados com as suas faculdades; pareceu-nos que, para ela, nada de nosso passado era coisa de segredo.
Nas despedidas, tudo entre muita alegria, disse-lhe o diretor:
— Minha querida irmã, se algum dia voltar à carne, pois certamente voltaremos todos, não vá tornar a exercitar a vingança... Faça o Bem, com as graças mediúnicas de que dispõe, sem jamais julgar que tem o direito de desenvolver mal algum a quem quer que seja. Perdoe sempre, minha querida irmã, que perdoar aos outros já é dirimir faltas. E que o Nosso Senhor Jesus Cristo, Verbo do Pai neste mundo, lhe confira muitas oportunidades de trabalho santificante.
Dias e dias após a sua partida, comentários eram feitos, durante as nossas conversações, a seu respeito; porque ela envolvia muitos assuntos, inclusive os cinco hindus, com os seus grandes poderes, com aquela técnica para nós esquisita, sabendo, como grandes conhecedores, aplicar as mãos e a força magnética dos olhos.
Como alguém do nosso círculo de amizade e trabalho falasse na irmã, que tão dotada de grandes faculdades, tão mal as aplicara, Tancredo comentou:
— A Lei de Harmonia paira acima de tudo, reclamando de cada um o devido, em trabalhos e responsabilidades, seja quem for, disponha do que dispuser de conhecimentos e faculdades. Se o Cristo assinalou a Sua condição de servidor da Lei e não de senhor da Lei, porque dela só Deus é Senhor, vamos compreender isso e não cair na asneira de usar mal a coisa alguma, a poderes quaisquer.
E em tom ponderoso, completou, depois de meditar um pouco:
— Lidar com agentes do nosso plano, para desfazer coisas feitas, como dizem lá na crosta, tem levado muitos trabalhadores a reincidir em graves faltas, porque as relações entre os dois planos são, por natureza dos trabalhos, muito ligadas aos níveis mais inferiores do astral. Quando menos esperam, estão servindo a guias que desguiam, estão fazendo o que pretendiam desfazer, chafurdando nos abismos e comprometendo futuras vidas.
Dado à gravidade dos conceitos, aquele alguém que havia inquirido voltou a inquirir, admirado:
— Então, bondoso instrutor, a questão é assim comprometedora?!...
Tancredo sorriu, e num tom de análise mais acurada acentuou:
— A questão não é comprometedora, mas sim o modo de encará-la. Se há quem faça o mal, por esses processos, há quem os possa quebrantar, porque a dialética é lei na Ordem Divina. Mas a questão não manda revidar, não manda vingar, nunca impõe valentias perniciosas. Porém, e aqui mora a periculosidade, muitos trabalhadores dessa ordem deixam-se levar pela conversa de certos guias, espíritos ainda muito inferiores, caindo em graves faltas.
— E foi assim que ela cometeu faltas graves? – tornou aquele servidor a perguntar, sequioso de conhecimentos.
— Sim, pois dispondo de maravilhosas faculdades e tendo certa dose de poder sobre legiões do nosso plano, aplicou por conta própria a “Pena de Talião”, revidando elas por elas, e até muito pior ainda. E assim sendo, dentro de algum tempo era escrava de elementos menos felizes, que lhe ordenavam, a título de defesa, os mais tenebrosos revides. Desceu à feitiçaria, cometeu crimes tremendos e foi parar nos abismos da subcrosta, como sabeis.
— Isto é coisa muito séria! – comentou aquele companheiro.
Tancredo, erguendo a seu modo o indicador, alertou a todos:
— Para desfazer qualquer mal, o importante é não aplicar o mal; assim fez Jesus Cristo, renunciando a mesma vida. Tudo proclamou, ensinou, advertiu e exemplificou, em palavras e atos, sem recorrer à aplicação do mal. Disse todas as verdades que deveriam ser ditas, enfrentou poderosos e potentados, com a máxima gravidade, mas não pensou sequer em vinganças. Foi como cordeiro ao cutelo, sem dizer palavra alguma de vingança, deixando tudo a cargo da Justiça Divina. Infelizmente, porém, os trabalhadores dessa ordem de serviço, com muita presteza se entregam à mania de valentias, dos desafios, das paixões comprometedoras.
E assim terminamos aquela jornada, com boas colheitas doutrinárias. Isto é o que não nos falta, porque tão ligados que estamos ao mundo carnal, sempre temos pela frente muita fartura experimental. Tudo quanto é do próximo, também pode ser nosso, mais tarde ou mais cedo, e, portanto, fazemos questão de estudar bem a todos os fatos. Os mestres teóricos são muitos, mas a mestria principal cabe mesmo à vida! Ela é prática, ela é vida, ela é fato!
Vede bem que tudo pode ser comentado, contra ou a favor, sobre todos os assuntos; porém, quem poderia deixar de ser vivente e responsável? Bem sabemos nós, deste lado, que as movimentações humanas variam ao infinito, entretanto sabemos, e sabemos muito bem, que o Supremo Juízo compete a Deus e a ninguém mais. Porque os mesmos Cristos Planetários nada mais são, em Suas altas funções diretoras, do que servos da Lei de Harmonia. Eles não vivem em estado de lástima e de pranto, pelo fato de alguns de Seus tutelados irem parar nos abismos tenebrosos, por causa de faltas cometidas. A Lei de Deus data do período Védico-Búdico, ou vice-versa, tendo sido Moisés apenas um retransmissor e grande codificador. O Divino Exemplo do Cristo todos sabem comentar, não é isso? Portanto, para subir ou descer, cada um o fará pelas suas obras; e depois, quem é o responsável? O Cristo? O próximo? A Justiça Divina?

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